terça-feira, 2 de março de 2010

Guerra urbana (Criado em 15/11/2008)

Há muito tempo eu já vinha observando preocupadamente o andar da carruagem do cenário da segurança pública no Rio de Janeiro. Me lembro dos meus tempos de menino, quando o noticiário policial se restringia às notícias de batedores de carteira (quem se lembra disso?), de brigas entre malandros onde a navalha era a arma preferida, e até mesmo ao roubos de galinhas e roupas nos varais, pois não existiam tantos edifícios. Ao longo do tempo fui percebendo o crescimento do uso da maconha, já usada naquela época, e o surgimento da cocaína, seguida da heroína. E aí a coisa começou a cair num abismo sem tamanho. Fui percebendo o surgimento de quadrilhas de traficantes de drogas que começaram a invadir as favelas, as quais se transformaram em verdadeiras trincheiras das mesmas. E percebi também o crescimento do número de ocorrências caracterizadas como autênticas batalhas campais em nossas ruas. E concluí: estamos vivenciando uma verdadeira guerra urbana. Recentemente é que se tem reconhecido publicamente que vivemos tal guerra urbana. Os criminosos, que antes se limitavam ao uso de punhais, navalhas e revólveres de calibre .32 e .38, começaram a exibir armas pequenas mais poderosas, de calibres .380, .40, .45, 9 mm, além de fuzis .30 (AK47, M16, AR15 etc.) e até metralhadoras anti-aéreas. Enquanto isso, o cidadão comum tem o seu direito de possuir uma arma para auto-defesa restringido por uma legislação inócua e burra a respeito desse assunto. Hoje mesmo (15 de novembro de 2008) o noticiário televisado mostrou combates urbanos nas proximidades do Estádio Mário Filho, no antes pacífico bairro do Maracanã, quando criminosos atacaram os policiais de igual para igual, ou até com mais intensidade.

E a pergunta que não se cala é: Onde está a falha?

Todos poderão afirmar categoricamente que a falha está no serviço público social fracassado, na educação pública ruim, na carga tributária elevada que proíbe o empresariado de aumentar o nível de empregos etc, enfim, no péssimo desempenho das autoridades que elegemos para cuidar do atendimento das necessidades básicas da sociedade. Tudo isso está correto mas, do meu ponto de vista, enquanto as demandas básicas da sociedade não são atendidas, pelo menos a tática policial deveria ser mais ostensiva e eficaz. Não consigo concordar, por exemplo, com o procedimento policial de querer chegar até os criminosos tentando subir o morro de baixo para cima. Isso é desperdício de energia, é prática suicida. Digo morro porque a maioria esmagadora das quadrilhas se entrincheira nas favelas situadas nos morros do Rio de Janeiro. Isso me faz lembrar a tomada de Monte Castelo pela FEB, na Segunda Guerra Mundial, onde muitos soldados brasileiros morreram debaixo das "lurdinhas" alemãs, instaladas nas casamatas existentes no topo daquela montanha. Bem, as casamatas já estão sendo encontradas aqui também. Recentemente o noticiário tem mostrado a derrubada de obstáculos e muralhas fortificadas nos altos dos morros. A bandidagem não é burra pois está usando procedimentos militares para fortificarem seus esconderijos. Resta à polícia adotar táticas adequadas, entre elas, ao invés de subir o morro, chegar a ele por cima, de helicóptero blindado. Temos notícia de que o governo do estado do Rio de Janeiro comprou um Huei HU-1, veterano do Vietnã, para uso da PM. Mas o que é UM helicóptero blindado para uma infinidade de objetivos simultâneos.

Vejo também, através das reportagem televisada, os policiais disparando a esmo, sem avistarem seus alvos. É o chamado fogo de saturação. Mas tal procedimento gera as famosas balas perdidas, e de fuzis, que têm uma potência letal enorme. Além disso, é um tremendo desperdício de munição, paga pelos impostos que pagamos.

Diante disso, concluo: Está tudo errado. Os procedimentos de combate precisam ser radicalmente revistos. É preciso que se invista pesadamente na preparação e no aparelhamento das forças policiais. Mais e melhores carros blindados, que não enguicem no meio do combate, mais helicópteros blindados, mais policiais amplamente preparados, mais polícia investigativa e um judiciário que não jogue água fria nas ações policiais bem sucedidas.

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