terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vida de gado, povo marcado

Estamos em pleno verão, quando as chuvas caem copiosamente sobre as grandes metrópoles alagando tudo, invadindo residências, destruindo bens, desabrigando famílias, graças ao descaso dos governantes municipais que não exercem qualquer ação que efetivamente resolva esses problemas. Junte-se a isso o alto grau de desordem nas áreas invadidas, áreas essas de alto risco, onde se vêem barracos empoleirados uns sobre os outros, separados apenas por vielas estreitas que serpenteiam entre os mesmos cruzando com valas negras, na maior imundície, numa total sujeira. Descaso também das autoridades municipais que não fiscalizam tais invasões no sentido de impedí-las de surgirem. A visão, a partir dos helicópteros das emissoras de televisão, é tétrica, desoladora, entristecedora.

É monumental o montante de impostos que é arrecadado compulsoriamente de nossos salários mas não vemos essa dinheirada ser aplicada em moradias decentes, construídas em áreas adequadamente urbanizadas e saneadas. Esse povo, que por força das circunstâncias é obrigado a fixar residência nessas condições me faz lembrar o poeta do povo Zé Ramalho, quando diz:

Vida de gado (Zé Ramalho)

Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz

Copie o link todo até ! e assista.
http://www.youtube.com/watch?v=gQ2sQk9q-30&feature=player_embedded#!

Que Deus tenha misericórdia do Brasil!

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